terça-feira, 18 de dezembro de 2012

PODOLATRIA

Podolatria é um tipo particular de parafilia cujo desejo se concentra nos pés. São atos comuns que levam o podólatra a ter excitação e prazer sexual exclusivamente com o ato de ver, tocar com as mãos, lamber, cheirar, beijar ou massagear os pés de outra pessoa, entre muitos outros; muito raramente um fetichista pode ainda ter prazer quando os próprios pés são objeto dessas ações. Quando, porém, o culto aos pés é um elemento erótico da relação, fazendo parte das preliminares de uma relação sexual, por exemplo, é considerado apenas um fetiche.
O fetichista responde ao pé de uma maneira similar à que outros indivíduos respondem a nádegas ou seios. Mas é de notar que, no caso do podólatra, esse desejo direcionado para uma parte específica do corpo adquire o caráter pronunciado de uma fixação. Alguns podólatras, por causa disso, sentem prazer em ter seus genitais manipulados pelos pés do parceiro até o ponto de atingir o orgasmo e a ejaculação. Este é, provavelmente, o exemplo mais frequente de excitação com o uso dos pés capaz de levar à satisfação completa sem que haja penetração, isto é, sexo genital (talvez por se tratar, também, de fato, de uma forma de masturbação). Outras fórmulas em que uso dos pés por si só acabam por levar ao orgasmo e à ejaculação também existem, todavia, variando de indivíduo para indivíduo.
Como outras parafilias, o fetiche que se concentra nos pés varia enormemente e pode ser altamente especializado. Assim, um fetichista pode ser estimulado por elementos que outro considera repulsivos. Alguns podólatras preferem somente as solas, ou pés com arcos pronunciados, outros, de dedos longos, unhas longas, alguns preferem pés descalços, outros, pés calçados em certos tipos de calçados ou meias, alguns preferem pés muito bem cuidados, outros, sujos, de plantas incrustadas de terra, etc. Dizem que existe nisso tudo um componente masoquista, figurativamente, estar aos pés de alguém é sinônimo de submissão, cuja manifestação mais forte seria alguém sentir prazer em ser pisado no rosto, no peito e nos genitais.
Segundo Freud, o fetichismo consiste em transferir todo o desejo para apenas uma parte. A podolatria é um exemplo clássico desse conceito: o podólatra concentra seu desejo, que em tese deveria ser direcionado ao outro por inteiro, em apenas uma parte: os pés. E por extensão, a objetos ligados diretamente a essa parte do corpo como sapatos, sandálias, meias etc.
O simples fato de você curtir o pezinho bonito e bem cuidado não constitui nenhum problema. Existem gradações nessa forma de fetichismo, indo desde a simples "atenção especial" dedicada àquela parte do corpo até a situação extrema de indivíduos que só conseguem o orgasmo no contato do órgão sexual com os pés de outra pessoa.
Curiosamente, esse é um fetiche quase que exclusivamente masculino. Mulheres com este fetiche são uma raridade. Mas, como tudo na vida tem sua contrapartida, existem muitas que sentem prazer verdadeiro em ter seus pés acariciados.
Há quem curta, especialmente pés calçados com sandálias abertas e de salto bem alto. Outros, se deliciam cheirando, beijando ou lambendo os pés da mulher amada.
Em algumas religiões, o cerimonial de lavar os pés significa purificação, do corpo e do espírito. Em outras, como no cristianismo, é um ato de humildade e resignação. No amor, desde a antiguidade, significa a preparação também do corpo e do espírito para o ato sexual que se seguirá.
A podolatria é um fetiche muito comum. Provavelmente por não infringir nenhuma regra de convivência, nem envolver risco físico para as pessoas que o praticam. Portanto, se você adora um pezinho e sua parceira ou parceiro topa participar do seu jogo vá fundo, o importante é o prazer para ambos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

VESTIDA DE PODER


As roupas que escolhemos vestir refletem nosso estilo de vida perante a sociedade, porém na fantasia, estamos livres da prova da realidade e podemos buscar o prazer abertamente. Alguns fetichistas levam suas fixações em roupas para além dos objetos de um fetiche individual. A roupa é, dessa forma, parte de um drama erótico pessoal elaborado, ou seja, serve como fantasia para vivenciar aquele momento.
Entre os mais comuns estão a dominadora, o senhor, o escravo, homem de uniforme, empregada, odalisca, enfim. Este tipo de representação de papéis relacionados à vestimenta envolvem estereótipos sexuais e sempre pressupõe troca de poder, seja ativo ou passivo. E para entrar neste clima, nada melhor que estar à à caráter, incrementando ainda mais sua performance.
Começaremos com a roupa da dominadora, tanto porque é a peça de fetiche individual mais importante quanto porque tem recebido a maior influência na moda contemporânea. É importante para a dominadora criar um look com itens como mini vestidos justos de couro feitos sob medida, jaquetas de couro com tachões e botas de salto alto, que ajudam a criar uma imagem definida.
Uma dominadora não deve jamais desnudar seus seios e sempre usar roupas elegantes (saltos altos, de preferência botas e luvas). Embora, de fato, uma dominadora possa as vezes mostrar uma extensão de coxa ou busto nus, é mais comum que ela esteja quase completamente coberta por uma segunda pele - da máscara que cobre parcialmente ou completamente seu rosto até as suas botas de saltos-agulha.
Além disso, a dominadora frequentemente usa espartilho, que também é um símbolo fálico, apesar de ser feito no formato do torso feminino, visto que sua estrutura faz com que seja duro e rígido. A roupa da dominadora também implica um roteiro onde alguns desejos são expressos. Ela usa máscara: portanto, ela é anônima; não quero saber com quem estou fazendo sexo, e se não sei, então talvez ela também não saiba quem eu sou. Ela parece ameaçadora. Na literatura pornográfica, as máscaras estão associadas a torturadores, carrascos e ladrões. Portanto, eu sou a vítima, então sou inocente, ou se for culpado, já estou sendo punido por fazer sexo, assim não preciso me sentir envergonhado.
A presença de um chicote implica o desejo de que alguém deva ser espancado. Açoitar é também acariciar. No mínimo envolve prestar atenção na pessoa que está sendo espancada.
Se a dominadora usa botas, será que o escravo deve ser pisoteado? Certamente isso é o que as histórias pornográficas nos contam: ele lambe a bota e ela o chuta. Ele chupa os saltos-agulha e ela os insere... O barulho dos seus saltos promete que alguém está vindo; o couro envernizado brilhante já parece molhado.
A palavra chave para entender o sadomasoquismo é fantasia. Os papéis, os diálogos, as roupas fetichistas e a atividade sexual são parte de um drama ou ritual. A subcultura sadomasoquista é um teatro no qual dramas sexuais podem ser representados.

Texto adaptado de Valerie Steele