sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

VESTIDA DE PODER


As roupas que escolhemos vestir refletem nosso estilo de vida perante a sociedade, porém na fantasia, estamos livres da prova da realidade e podemos buscar o prazer abertamente. Alguns fetichistas levam suas fixações em roupas para além dos objetos de um fetiche individual. A roupa é, dessa forma, parte de um drama erótico pessoal elaborado, ou seja, serve como fantasia para vivenciar aquele momento.
Entre os mais comuns estão a dominadora, o senhor, o escravo, homem de uniforme, empregada, odalisca, enfim. Este tipo de representação de papéis relacionados à vestimenta envolvem estereótipos sexuais e sempre pressupõe troca de poder, seja ativo ou passivo. E para entrar neste clima, nada melhor que estar à à caráter, incrementando ainda mais sua performance.
Começaremos com a roupa da dominadora, tanto porque é a peça de fetiche individual mais importante quanto porque tem recebido a maior influência na moda contemporânea. É importante para a dominadora criar um look com itens como mini vestidos justos de couro feitos sob medida, jaquetas de couro com tachões e botas de salto alto, que ajudam a criar uma imagem definida.
Uma dominadora não deve jamais desnudar seus seios e sempre usar roupas elegantes (saltos altos, de preferência botas e luvas). Embora, de fato, uma dominadora possa as vezes mostrar uma extensão de coxa ou busto nus, é mais comum que ela esteja quase completamente coberta por uma segunda pele - da máscara que cobre parcialmente ou completamente seu rosto até as suas botas de saltos-agulha.
Além disso, a dominadora frequentemente usa espartilho, que também é um símbolo fálico, apesar de ser feito no formato do torso feminino, visto que sua estrutura faz com que seja duro e rígido. A roupa da dominadora também implica um roteiro onde alguns desejos são expressos. Ela usa máscara: portanto, ela é anônima; não quero saber com quem estou fazendo sexo, e se não sei, então talvez ela também não saiba quem eu sou. Ela parece ameaçadora. Na literatura pornográfica, as máscaras estão associadas a torturadores, carrascos e ladrões. Portanto, eu sou a vítima, então sou inocente, ou se for culpado, já estou sendo punido por fazer sexo, assim não preciso me sentir envergonhado.
A presença de um chicote implica o desejo de que alguém deva ser espancado. Açoitar é também acariciar. No mínimo envolve prestar atenção na pessoa que está sendo espancada.
Se a dominadora usa botas, será que o escravo deve ser pisoteado? Certamente isso é o que as histórias pornográficas nos contam: ele lambe a bota e ela o chuta. Ele chupa os saltos-agulha e ela os insere... O barulho dos seus saltos promete que alguém está vindo; o couro envernizado brilhante já parece molhado.
A palavra chave para entender o sadomasoquismo é fantasia. Os papéis, os diálogos, as roupas fetichistas e a atividade sexual são parte de um drama ou ritual. A subcultura sadomasoquista é um teatro no qual dramas sexuais podem ser representados.

Texto adaptado de Valerie Steele

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